O coelho e a raposa (Uma fábula atual)






Era uma vez um coelho, que não era branco e nem de conto de fadas.

O coelho que não era branco se "amigou', se é que isso é possível no mundo animal, por uma raposinha dourada, que encontrou, por acaso, escondida na floresta. Ela, a raposinha, era pequena e ágil, mas só isso a caracterizava como tal, pois era muito medrosa e vendo o coelho que não era branco, andar por entre os arbustos, se escondeu. O coelho pressentiu que alguém o espreitava e não teve medo, foi tentando identificar pelo cheiro o que havia ali. Cheira daqui, cheira dali, o coelho que não era branco, entre galhos, amontoados,  folhas e ramos foi procurando. Até que achou encolhida, de olhos espantados,a raposinha dourada que estava numa fenda entre de uma pedra.

- Ei! O que houve? Quem é você?

Por que está escondida? Venha cá.

A raposinha sentindo-se ameaçada tentava encontrar um meio de sair dali. 

O coelho que não era branco, percebeu que a sua " amiguinha" de exploração era muito tímida ou medrosa, e tentou chegar mais perto.

- Olá! Não tenha medo.  - Disse ele, sendo bem eloquente.  Percebeu que a raposinha olhava e nada falava.

- Oi!? Você está ferida? Quer ajuda? Fala comigo 

Depois de tentar mais uma aproximação ele percebeu um movimento brusco

A raposinha tentando escapar daquela fenda na pedra e não conseguindo, teve que avançar e falou, mantendo-se cabisbaixa.

- Eu estou tentando caçar...não me machuque. Vou procurar outro lugar.

Hahahahahahahahahahha  

O coelho que não era branco, caiu na gargalhada e virou de barriga para cima enquanto ria

Hahahahahahahahahahaha

A raposa sem entender nada, apenas olhava desconfiada

Depois de um tempo, quase sem fôlego ele disse:

- Machucar? Ora vejam só... que bobagem. Você que deveria me perseguir e me acuar, me  mas está aí a tremer de medo, de mim, um simples coelho.

A raposinha percebendo que ele não representava perigo imediato, sentou-se, com a rabo enrolado em torno de si e ficou a olhar o animal que se divertia com a situação

-Pense bem, Dona Raposa. Por que eu faria  mal a ti e como? Hahahahha...caiu na risada

A raposa ainda cismada, olhava e tentava ver o motivo desse riso. Era ele ridículo ou ela...coisa estranha acontecia naquele momento.

Passado alguns instantes que nas fábulas são longos, a raposinha dourada, falou:

 - Bom, é que, no meu bando, não sou bem vinda, eu nasci diferente. tenho medo de animais pequenos, de chuva e de gente, e por isso, fui deixada para trás. Explicou a raposinha quase chorando

O coelho que não era branco, percebendo a situação constrangedora, deixou-se sentar e olhando para a raposinha, disse:

- Entendo. Sei. Bom neste caso, podemos então procurar um melhor lugar para nós na mata. Prometo que não farei traquinagens e nem sou de valentias, podes ficar tranquila. Você me ajuda em algumas coisas mais pesadas e eu te ajudo no que você se sente ameaçada. Que tal? Um acordo que beneficia a nós dois. Topas?

A raposinha dourada pensava ou cismava. Que se passava com ela, deixada naquela lugar e agora se depara com um coelho esperto e destemido.

 - Vamos, não demore muito para decidir, afinal você não tem mais ninguém com quem contar e eu posso mesmo te acompanhar. Enquanto saltito, você vai pelos trilhos, e a gente vai se ajudando sem molestar um ao outro. E aí? O que me diz? 

A raposinha dourada, a principio desconfiada, deixou-se levar pela astúcia do coelho. Vendo que a proposta era boa e parecia amigável, resolver aceitar  e se aproximou lentamente do coelho. 

 - Isso, dona raposa. Então toca aqui. Um acordo pede algo que marque nossa palavra

-Hummmmmmmmmmm ?!? Parecia nada entender a raposinha dourada

- Um compromisso, dona raposa. Depois te explico. Toca na minha patinha, parceira.

A raposinha dourada viu que um parceiro seria uma boa escolha, pois ficar pela mata sozinha e amedrontada não era uma boa opção.

Assim. Levantou a pata e sugeriu que ela fizesse o mesmo. Pronto. Acordo selado.

 - Vamos, parceira? Disse já se aventurando pelos arbustos o coelho que não era branco.

-  Sim, vamos. Parceiro. E foi , seguindo o único animal que encontrou e que com ela se preocupou.

Assim, ficaram amigos e não mais se desgrudaram.  Se ajudavam, um dormia, o outro vigiava; um caçava e  o outro espiava. Assim mantinham uma interação diferente, devido  a condição natural de ambos, mas prevalecia a ajuda mútua e o compromisso de parceria. 

Vocês que estão lendo devem estar se perguntando, mas e aí, como termina essa fábula? Não termina, porque o que interessa no contexto é amizade nas diferenças e a proteção e cuidado com o outro, mesmo sendo o outro uma fácil presa.

 A relação sadia e produtiva entre seres diferentes merece ser destacada e aqui foi contada.




Crédito da imagem: Freepik 

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