Adamastor acordou cedo. Sempre acordava. Eram cinco horas da manhã, e o galo cantava em algum lugar naquele vilarejo escondido no tempo. Ele se levantou da cama, calçou suas chinelas já bem surradas, e se espreguiçando foi para o banheiro. Esvaziou a bexiga, depois do alívio, foi até a pia, lavou as mãos e depois o rosto; se enxugou numa toalha azul pendurada no gancho rudimentar perto do espelho onde via sua imagem refletida. Fez caretas, cocou a barba, pegou a escova e fez sua rápida e necessária higiene matinal.
Foi para a cozinha, bem típica de um lugar rural, onde havia um fogão antigo, onde em cima uma chaleira aguardava a água para o café; um mesa rústica de madeira decorada com uma toalha quadriculada, nas cores verde e branco; pegou a chaleira, levou a pia, encheu de água, pôs a ferver, foi até o pequeno armário, pegou um pote com café em pó, e depositou sobre a mesa. Enquanto esperava a água ferver, abriu a janela que dava para o descampado á sua frente. O sol vinha incidindo na relva ainda orvalhada pela anoite anterior. Uma paisagem bucólica que Adamastor não trocaria pela vida urbana, de jeito nenhum. Deixou os pensamentos voarem...imergiu em si; tanta coisa a fazer, e a vida acontecer, minuto após minuto, e o mundo todo seguindo numa direção oposta a da verdadeira criação divina. Quantos desatinos! Quantos males sofrem os filhos de Deus! Uma manhã para agradecer a mais um dia, e ainda assim, há seres humanos em conflito, como pode? Desligou-se destas questões, foi fazer o café, pegou o bule, coador e o pó, fez tudo como sempre o fazia; depois adicionou açúcar, provou e mais uma vez olhou para fora, lá brilhava a luz solar, convidando a todos para mais um dia viver, tentar e com o viver se encantar.
Bebendo goles de café e prestigiando a imagem que lhe trazia a manhã; abriu um sorriso franco e grato pelo mundo que o acolhia, para mais um dia.
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