Como é triste a gente perder algo…
A perda seja ela qual for não traz nenhuma alegria ou encanto, pelo contrário, traz sim um certo dissabor.
Eu, como todos seres mortais, já perdi inúmeras coisas, bens e laços.
Dependendo do afeto que colocamos em algo, a perda dói demais, aí vem aquele povo com a máxima do desapego. Poxa! Se está doído, deixa sentir a perda, e depois dá seu sermão.
Eu perco a paciência com essa intromissão.
Já perdi guarda-chuva, num dia chuvoso. Que lástima! Voltei pra casa resmungando.
Perdi chaves, caneta, blusa, cebola no ônibus e até uma bolsa recém comprada.
Tem coisas que depois a gente dá até risada
Já perdi anel, dinheiro e contatos.
Ao longo da vida perdemos virtudes e ganhamos vícios. Eu perdi a ingenuidade, a docilidade, a curiosidade que me seguia. Ganhei em troca a vaidade e pesar, que ainda bem, que depois com força eu perdi. Essas perdas de vícios, creio serem a mais difíceis de se lidar.
Esses últimos, creio eu, fizeram de propósito, mas agora deixo lá….que fiquem perdidos.
Quantas vezes perdi a hora, levantei no susto, e saí correndo porta afora, sem escovar os cabelos.
Perdi o ônibus, tantas e tantas vezes, que até me acomodei com o fato. Rotineiro.
Perdi amigos, para o tempo, para outra coordenada geográfica e também para os céus.
Tristeza grande e agonia, perdi minha mãe, um bebê e minha avó. Ô perda doída!
Houve momentos que perdi a tolerância, deixei lá passado aquela criança e perdi sua capacidade de abdicação e interação.
Teve momentos em minha vida que perdi até a fé.
Já perdi a paciência mil vezes, as estribeiras milhares de vezes, e me perdi em loucos pensamentos milhões de vezes.
Perdi emprego (teve um que saí aos prantos). E perdi o rumo também, quantas vezes desviei e fui para lugares errados. Perdida mesmo!
Tinha eu uns escritos antigos, lá de mocinha, perdi….e senti.
Perdi namorados, perdi chances, perdi empregos, perdi amantes.
Como as perdas estão presentes em nossas vidas!
Já perdi os sentidos, literalmente.
As perdas são doloridas demais, nos colocam frente á nossas fraquezas e aí vemos num lampejo como somos inconsistentes e impotentes. Não podemos dominar tudo e nem a ninguém. Perdemos aqui, e depois agregamos algo ali, e vamos perdendo sempre.
Algo preciosíssimo, perdi eu, como todos também, perdi tempo.
Fazendo um balanço a grosso modo, as perdas são constantes na vida humana, claro, tem aquelas que são frutos da desatenção, outras da negligência, e outras são próprias da existência humana.Vamos vivendo, perdendo e agregando. Num paradoxo, entendi que enquanto há vida, há perdas; e o que importa é que não percamos a esperança e leveza do viver, pois sem isto, a vida estaria mesmo perdida.
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