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Serventia


Há pouco ouvi na rádio que a campanha do agasalho está sendo feita em vários pontos da cidade e locais de grande circulação, tais como: supermercados, estações de metrô e postos fixos em prefeituras e demais órgãos públicos; o objetivo arrecadar vestimentas e calçados para os menos favorecidos, o que sabemos ser uma atitude nobre e muito bem  vinda para quem pouco ou quase nada possui. Pede-se o bom senso de doar roupas e calçados em bom estado, que tenham serventia, pois nada mais degradante e humilhante que receber objetos ou roupas rasgadas, sujas e sem condições de uso. Serventia é a palavra, mas que palavra é esta, que até na bíblia vem escrita com ênfase na abnegação e atuação do ser em prol de alguém ou algo, fazendo sempre de bom coração, sem ser obrigado.

Creio que cada um de nós, tem sim, serventia, e todos nós, pois todos temos algo que serve para algum fim, difícil é encontrar esta finalidade, tem pessoas que passam a vida toda, sem saber direito o que fazer, que curso realizar, que caminho profissional pegar, entre tantas bifurcações que aparecem a nossa vista, e escolhemos e depois, alguns se sentem arrependidos e crentes de que não servem para aquilo. Neste caldo todo de escolhas e caminhos vem o ambiente familiar, as relações primárias que influenciam o indivíduo, educação e um pitada de sorte para se direcionar, positivamente, no sentido daquilo em que possa ser mais atuante, prestativo e te faça sentir-se bem, são fatores que determinam nosso futuro. O ser humano é muito complexo e, por isso, o que serve para mim, não serve para o meu vizinho, e talvez sirva para aquele surfista lá da Nova Zelândia, e assim somos, singulares e únicos, mas com serventia para algo, mesmo que se morra sem conseguir saber qual era tal finalidade.

Uma vez li um texto do Roberto Shinyashiki que falava que nem todos podem ou devem tentar o estrelato com nomes em outdoors em letras garrafais, pois como indivíduos singulares, uns servem e tem excelência em fazer e servir café, outros não, são hábeis pilotos de avião ou geniais físicos nucelares, ou seja, há algo que nos impulsiona e dirige nosso caminhar, pode ser dom, talento ou inspiração divina, mas há este algo mais, e quando nos desviamos dele, aí ficamos com aquela sensação de não ter serventia para o que escolhemos e nos quedamos em lamúrias e consternações, quando não, fingimos estar bem e vamos tentando moldar o nosso ser à escolha feita, tendo consciência que foi errônea, vamos vivendo com aquele sentimento de falta e lacuna, pois estamos servindo a outra disposição que não a essencial, aquela vinda da alma.

Servimos para algo e também servimos para fazer o bem, a uma causa, uma entidade ,uma pessoa, uma ideia. Somos , a priori, servos do nosso desejo, e quando não passível de realização  nos tornamos servos do mecanismo sócio/cultural que nos envereda para outros caminhos, virtuosos ou não, isto vai depender da estruutra emocional e toda orientação focada em valores humanisticos retida durante a formação de cada indivíduo.



 
 

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