Pular para o conteúdo principal

Amor, sexo ou dinheiro . O que é mais importante?


   Nossas observações e sentimentos estão em franca oposição a expressões do tipo “ dinheiro não traz felicidade”; ou “sexo não é tão essencial para uma boa vida conjugal”; ou ainda “ é perfeitamente possível ser feliz sozinho”.

    Notamos o olhar e a expressão de alegrias dos casais apaixonados e queremos vivenciar o mesmo que eles.
Somos informados acerca do “glamour” que cerca a vida daqueles que são ricos e famosos e não podemos deixar de pensar que estão experimentando momentos de grande felicidade.

     Quanto ao sexo então, morremos de inveja dos mais livres e desinibidos, os que são sedutores e têm sucesso nas conquistas; imaginamos que seus relacionamentos íntimos são de uma intensidade que jamais tivemos oportunidade de alcançar.

     Por onde começar? Devemos buscar primeiro o amor ou o dinheiro? Qual deles é mais importante para nossa felicidade? E o sexo, como participa desta equação?

  Penso que uma boa resposta é a seguinte: o mais importante é aquilo que está faltando! Se não temos anda, tudo é igualmente importante.

     Se temos um bom parceiro amoroso e pouco dinheiro, esse será o ingrediente mais valorizado. Nosso psiquismo é curioso; se ocupa principalmente daquilo que não está indo bem; parece que foi forjado com o objetivo de resolver problemas.

   Se estivermos doentes, só nos interessaremos em recuperar a saúde e só nisso pensaremos. O mesmo vale para os apuros financeiros ou para a sensação de solidão. Ao recobramos a saúde – assim como a estabilidade material – ou, ao reatarmos como nosso parceiro, imediatamente nos desinteressaremos desses assuntos.

  Pessoas que têm uma vida sexual pobre e repetitiva anseiam, mais do que tudo, com um cotidiano erotizado e voluptuoso.

   Ao contrário do que acontece com o amor, parece que o dinheiro nunca é suficiente; por causa da competição material que vivemos, quase todos temos a sensação de que somos perdedores em relação a alguns conhecidos.

    Quem tem riqueza, mas não tem amor acha que o dinheiro não serve para grande coisa sem que se tenha um bom parceiro. Agora, se o dinheiro faltar, ele volta imediatamente a ser tremendamente importante.

     O fato é que nossos anseios não são permutáveis, ou seja, a falta de amor ou de sexo não se resolve com “ doses” altas de dinheiro ou prestígio, e vice-versa.

     É como no organismo, onde a deficiência de vitamina B não se atenua com doses altas de vitamina C. Necessitamos de um pouco de cada ingrediente.

  Um alerta final: ao sonharmos com o que nos falta, imaginamos alegrias que, se acontecerem, durarão muito pouco tempo. Nossa felicidade só é plena durante um período, o da transição para a situação melhor. Depois nos habituamos e tudo é vivenciado como trivial.

   A boa notícia é que o mesmo vale para os acontecimentos negativos, quando a dor da perda também só é máxima durante a transição.

   Temos sido estimulados a pensar que, hoje me dia, podemos alcançar essa permanente harmonia graças aos enormes avanços da tecnologia – e a consequente revolução dos costumes – que nos permite viver com muito mais conforto e liberdade que nossos ancestrais. Aprendemos a acreditar que o “paraíso” é aqui mesmo!



Dr. Flávio Gikovate  (1943 - 2016)
Médico psiquiatra;Psicoterapeuta
Confericista/Escritor
Artigo da Revista Ser Mais
Trechos do Programa da CBN
"No Divão com Gikovate"

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Apresentação

A vida é uma grande viagem, com direito a várias paradas em estações a escolher; nem sempre podemos optar por não levar bagagens conosco, outras vezes, temos a escolha e nos quedamos frente à muitas objeções e contestações externas, sobre o que carregarmos e até onde podemos levar tudo que amealhamos em vida, sejam os laços sanguíneos, de amizade, ou coisas materiais, que nada podem agregar ao sentido pessoal da nossa viagem. Por entre vias, veredas e atalhos, vamos seguindo nesta "nave" com direito a erros e acertos, conquistas e perdas, nada é terminal, a não ser a própria finitude em si. Depositamos na vida todos nossos anseios e sonhos, e na viagem, temos muitos felicidades e também dissabores, entretanto, somos nós autores desta escrita diária que se faz com lágrimas de alegria ou tristeza, sempre imprimindo uma nova ordem a um caos interno que buscamos o tempo todo apaziguar.  Somos etéreos em espírito, somos humanos falhos e aprendizes.  Vamos seguindo ora...

Lilian

Uma coisa é fato, quando se tem alguém na família esperando bebê ou uma amiga nesta fase, a primeira pergunta que se faz é sobre o sexo da criança, e logo em seguida, a mais comum de todas, já escolheu o nome? Houve uma época, em que não se tinha muita preocupação com nomes próprios, escolhendo o básico de acordo com a cultura local, hierarquia familiar ou conceitos religiosos. Assim foi na minha família pelo lado paterno, onde os nomes seguiram uma questão alfabética e também respeitando as homenagens a antepassados. (Antonio, Alice, Alfredo e Isaura), e assim não fugindo muito ao preconizado na época para nomear os bebês. Nas gerações posteriores, na minha família, claro, houve mudanças, pois com o conhecimento de outras culturas e a leitura de livros sobre o tema e mais recentemente, a busca no site de nomes próprios, há uma mescla de nomes de origem norte-americana, francesa e até misturaram nomes com radicais indígenas, para criar algo específico para a criança ab...

Diário de bordo

   O mês de maio avança no calendário, e temos noticias daqui e do outro lado. Em terra "brasilis" perdemos o expoente do espiritismo, Divaldo Franco, partiu para o mundo espiritual num dia 13 de maio, vitima de complicações advindas de uma doença no trato urinário, e pese o fato de ser um pessoa de idade avançada, 98 anos. Divaldo semeou a fraternidade e comunhão como poucos, se dedicou mais de sete décadas ao estudo e disseminação do espiritismo, atendendo pessoas em situação de conflitos, outras com problemas físicos e psíquicos, além de marcar por onde passava com seu carisma a máxima da doutrina espirita, sem caridade não há salvação. Foi exemplar na sua conduta e postura com o ensinamento.   Tivemos outros fatos marcantes, como a eleição do substituto do Papa Francisco, agora um Papa norte americano, com  vivência na América do Sul, por mais de três décadas, mais precisamente no Peru. Robert Francis Prevost, agora é Papa Leão XIV, nome escolhido por suceder Leã...