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Pontuando a vida




Ao escrevermos um texto tentamos prestar atenção à pontuação para que sua mensagem seja entendida, aprazível e mais aceitável a quem se destina. Na vida também usamos destes artíficios, ao nos apropriarmos destas referências gramaticais  em nossas atitudes frente à vida.

Sou uma fanática por vírgulas, uso e abuso destas nos textos - muitas vezes de forma inapropriada - e, na vida faça uso destas de forma regular. Estas pausas no roteiro intinerante são de vital importância para se ganhar fôlego e enveredar em outras linhas da vida, nem tudo pode ser factual, há que se ter um tempo, e a pausa ali faz reavivar ânimos e reorganizar pensamentos.

Além das pausas, que é um comportamento usual de muitos, sou por natureza, uma pessoa interrogativa, tudo tem que ter um por quê e pra quê. Tenho para mim que aquele "espanto natural"  deixou vestígios em mim, de tempos idos. Esta minha intrepretação acerca de minha personalidade tem uma razão simples e de fácil explicação, questiono por que quero respostas, sou uma pessoa que não não lida bem com as incertezas, o vazio em si me incomoda. Como dizia o mestre Rubem Alves , o vazio intimida e neste incômodo fico muito perdida.

Entendo que a incerteza é algo inerente ao processo natural da vida, afinal, a ciência não tem certeza sobre muita coisas e a religião também não, apenas nos dão diretrizes e sinais, que ao agregarmos em nosso viver, refletindo e interiorizando, faz com que olhemos o mundo de forma mais exclamativa e até deslumbrada.

O ponto final já usei várias vezes, e em algumas vezes pensei, repensei e refiz o discurso, eliminei o ponto pela  reticência, talvez mera ingenuidade, deixar em aberto algo, que saberia se impossível de finalizar. Tem vezes que precisamos usar o ponto final para seguir outro discurso, travar outros diálogos, libertar a palavra presa que só amplia o tom duvidoso e gera tantas indagações.

Portanto, ao lermos um texto sabemos logo nas impressões gramaticais existentes como o outro vê o mundo e como este interage com ele através de suas pausas, exclamações e reticências num enredo. Imbuída desta assertiva questiono a sentença que não somos aquilo que escrevemos, como muitos afirmam e reafirmam, então refaço a frase, escrevemos como realmente nos interpretamos. A escrita, então, é um espelho convexo, que nos propicia passar esta imagem de múltiplas facetas, mas que transmite as nossas singularidades tão marcantes e intransferíveis.


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