Pular para o conteúdo principal

Poética

Ouço uma toada e me aquieto, coração se acalma e fica em compasso de espera. Sinto as notas envolventes absorverem todo meu ser, isto é um estado de alma, é um fluir de inspiração, é ouvir o coração.

Nas palavras que fluem surgem imagens, sensações e muitas das minhas indefinições. Sou eu? Pode ser que sim, pode ser que não, a escrita revela e depois se apodera de todo o processo,talvez tente eu camuflar, enviesar, florear e assim tentar de alguma forma a mensagem fazer chegar. Muitas vezes saio vitoriosa, por outras frustrada; nas cirandas poéticas, nem sempre lê-se o imagético, deturpa-se o real, fantasia-se muito e vive-se pouco. Sente-se ali o gosto do mel em quimeras de papel, ou prova-se o fel.

Na arte de escrever descobre-se que há um "senhor", este, não delimita, nem habilita apenas assiste todo este carrilhão de letras e símbolos que vão ressoando ao longo do fecundo processo de criar. O dono é o tempo, a escrita é atemporal, mas eu não sou, não somos, e desta aventura poética, fica a imagem, o registro daquilo que foi, a intenção do que de fato é, sem riscos nem rabiscos, apenas as letras, soltas e talvez viciadas nas mãos daqueles que mal sabem o que sentem, e buscam nestas as interpretações de seus conteúdos latentes.

Introjeção! Projeção! Tudo pode ser  ali um mera ilusão.
Serei eu a menina do olhos de alguém, claro que sim, pois temos esta carência, e depositamos na poética toda nosso querer, ingênuos ou sagazes, blindamos o "eu" na lira, e lá somente lá, encontramos o que se diz, sem dizer; o que se deseja sem saber, o que se tem sem perceber. A sincronicidade vem disto, deste interagir sem entender o por quê, sem saber por qual vereda imaginária trafega a inspiração, por vezes, está ali mascarada, e não damos conta. Somos racionais, então imbuídos de tal mecanismo, usamos para fugir de tão estranha situação, fazemos o que somos condicionados a fazer.

Não sou poeta, sou uma aventureira num mundo imaginário, me desloco aqui e ali, saboreio o bucolismo, me entrego ao erotismo, deixo-me levar na alegria, sinto a tristeza, vivo a saudade, reflito sobre a humanidade, desejo a felicidade e proponho uma parceria sem ambiguidade. Sou apenas uma entusiasta e como tal, enlaço a mim o desejo de voejar, de imaginar e sempre acreditar na vida, no amor e em mim.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Apresentação

A vida é uma grande viagem, com direito a várias paradas em estações a escolher .Nem sempre podemos optar por não levar bagagens conosco, outras vezes, temos a escolha e nos quedamos frente à muitas objeções e contestações externas, sobre o que carregarmos e até onde podemos levar tudo que amealhamos em vida, sejam os laços sanguíneos, de amizade, ou coisas materiais, que nada podem agregar ao sentido pessoal da nossa viagem. Por entre vias, veredas e atalhos, vamos seguindo nesta "nave" com direito a erros e acertos, conquistas e perdas, nada é terminal, a não ser a própria finitude em si. Depositamos na vida todos nossos anseios e sonhos, e na viagem, temos muitos felicidades e também dissabores, entretanto, somos nós autores desta escrita diária que se faz com lágrimas de alegria ou tristeza, sempre imprimindo uma nova ordem a um caos interno que buscamos o tempo todo apaziguar.  Somos etéreos em espírito, somos humanos falhos e aprendizes.  Vamos seguindo ora...

Doce atrevimento ( Poesia nº 10)

                Na delicadeza dos toques teus sinto a leveza do amor que permeia  nessa intimidade doce e atrevida   Demoradamente me atiças na maciez dos lençóis me excita a suavidade aquece e incendeia  Atrevimento dos desejos em desalinhos   delicadezas e arroubos em uníssono fluindo    

O coelho e a raposa (Uma fábula atual)

Era uma vez um coelho, que não era branco e nem de conto de fadas. O coelho que não era branco se "amigou', se é que isso é possível no mundo animal, por uma raposinha dourada, que encontrou, por acaso, escondida na floresta. Ela, a raposinha, era pequena e ágil, mas só isso a caracterizava como tal, pois era muito medrosa e vendo o coelho que não era branco, andar por entre os arbustos, se escondeu. O coelho pressentiu que alguém o espreitava e não teve medo, foi tentando identificar pelo cheiro o que havia ali. Cheira daqui, cheira dali, o coelho que não era branco, entre galhos, amontoados,  folhas e ramos foi procurando. Até que achou encolhida, de olhos espantados,a raposinha dourada que estava numa fenda entre de uma pedra. - Ei! O que houve? Quem é você? Por que está escondida? Venha cá. A raposinha sentindo-se ameaçada tentava encontrar um meio de sair dali.  O coelho que não era branco, percebeu que a sua " amiguinha" de exploração era muito tímida ou medros...