NUM CAFÉ, O TEMPO PAROU I Trago comigo um amor em segredo, que tem morada na minha ilusão; amor sem nome, sem culpa, sem medo, que veio do fundo da solidão! Pintei seu rosto na tela da mente, onde o amor, em silêncio, florescia; a cor do afeto — sutil e envolvente — tingiu de ternura a melancolia. Vaguei nas ruas da perseverança, em busca de algo que nunca se achou; no rastro fugaz de parca esperança, o amor calado mais fundo ecoou! Um dia o vi — por acaso ou bruxedo —, num café, e então minha alma se avia; surgiu qual fosse um feitiço de enredo, e pensei: “Será ela? Quem diria!” O tempo parou — tremi de surpresa — não era a mesma, mas lembrava tanto, que meu olhar se perdeu na incerteza, e até busquei conservar o encanto! Mas, sem defesa, rendido à realidade, voltei à vida, ao mundo real! E então, sentindo uma estranha saudade, amei — de novo — um amor sem final! Emana no ar um aroma de saudades Sinto correr em mim intensa sensação Ao visualizar tão perto, aquela cidade Acomete ...