Questão polêmica

 Ontem fiquei sabendo pelas noticias do telejornal, que o escritor e membro da ABL, Antônio Cícero fez uso do suicídio assistido, pois o mesmo acometido por Alzheimer, doença sem cura, optou pelo recurso em outro pais, Suíça, para dar fim da vida. Uma questão polêmica pois esbarra em preceitos morais e religiosos fortemente arraigados em várias civilizações e claro, traz aversão de uns e questionamentos socráticos de outros. O fato é que ele fez e deixou escrito que "viveu com dignidade e preferia morrer com dignidade", um desejo do ser humano, do coração dele, pois a doença traz infortúnios diversos, crises e apagões, sequelas irreversíveis na coordenação motora pois o cérebro vai perdendo a funcionalidade aos poucos e chega um momento crucial, de prostração e completa dependência, isso gera mesmo um sentimento ruim de não ter autonomia e nem conseguir reconhecer pessoas. 

  A meu ver, a vida mesmo com  limitações ainda precisa ser reverenciada como dádiva e mantida a constância, mas em se tratando de casos assim, tão radicais, eu não sei, mas talvez seja o melhor, talvez, não sei mesmo, só estou fazendo uma observação pela ótica do autor do ato, pois para quem esteve ativo se vê numa situação de incapacidade motora e cognitiva, pode ser a pior situação que os ser humano possa passar e ainda saber que mantém pessoas ao lado, comovidas e penalizadas com a situação. Ele, Antônio Cicero se dizia ateu, pode isso facilitar a tomada de decisão, pois a gente que crê e sente a presença divina em tudo, tem arrepio só de pensar nisso, mas vendo pelo lado dele, talvez fosse para o mesmo a melhor solução, digo isso embasada pela afirmação dele que não seguia ou cria em nenhuma religião ou entendia Deus como ser criador.

  Acabou para ele de forma sombria e sem mídia, pois o ato em si, é contestado pela esmagadora maioria, e por isso não darão vazão ao fato, mas a questão é polêmica e temos raízes desses atos em antigos povos que sacrificavam bebês doentes ou  com anomalias; idosos que não tinham forças para o trabalho, era outra época, mas temos resquícios desse tempo e modelo de vida ainda em nós, por isso, há casos que nos surpreende o modus operandi de lidar com a situação; antes era vital ter energia para lidar com as ameaças do ambiente, hoje é necessário ter fé e esperança para conseguirmos viver com dignidade, e fé não implica religião, e sim uma fervorosa capacidade de crer sempre no melhor, enfim, cada pessoa um universo. 

  Aqui, ressalto não quero com isso  dizer que sou favorável a eutanásia e suicídio assistido, mas tem casos, que só mesmo quem passa sabe como é, e cabe a pessoa, se tiver plena consciência, decidir por si. 

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