Poética





Alinhavo versos na linha do tempo
numa escrita aleatória e inconstante
crio enredos de um mundo distante
Bordo efeitos de brilho nas linhas
gravo símbolos dos sonhos que tenho
numa costura de retalhos a qual me empenho
O tempo sempre inexorável e volátil
Escapa a mim e impõe a desconstrução
do cofre onde guardei segredos e anseios
Deteriorado pela ação de tempestades,
granizos, geadas e ventanias
onde a ferrugem, á resistência do ferro, 
se põe, gradativamente, a consumir
vai levando nas linhas o que ainda resta aqui
No final, restará a poesia mal falada
e, em algum canto, por um bardo declamada




Foto: arquivo pessoal

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