Pular para o conteúdo principal

Deserto & Mar





 Sou deserto nessa temporal vida

 Inconstante, quente, selvagem,

 solitária, nostálgica e árida.

 Ah! Quisera ser Mar!

 E com sua capacidade se agigantar, 

 criando ondas, quando furioso está.

 Ah! Quisera ser Mar!

 E no seu azul profundo, mergulhar...

 Contemplaria os belos corais 

 em toda sua vastidão oceânica.

 E me aprofundaria mais, mais e mais...

 Ah! Quisera ser mar!

 E no sal das suas águas me batizar

 e, assim, exorcizar essa sensação solitária,

 que me atinge nas arenosas noites dos sem fim.

 Sou eu Deserto, tu és Mar.

 Quisera eu me afogar num turbilhão de palavras,

 que vem de ti quando próximo de mim, deságuas.

 Quando abalados, tu és maremoto e ciclone tropical

 que atormenta e destrói vilarejos e sonhos.

 Eu, em revolta, provoco  tempestades de areia,

  desorientando os caminhos, cegando os beduínos.

 Enquanto tu, incontrolável, nas pedras, suas ondas rebenta.

 Eu, na minha hostilidade, me torno  mais sedenta.

 Ambos somos gigantes, eu Deserto e você, Mar!

 Mas eu ainda queria ser mar... para que as finas areias,

 que recobrem meu relevo, pudessem em seu leito,

 delicadamente, se acomodar e minha sede saciar.

 

 



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Apresentação

A vida é uma grande viagem, com direito a várias paradas em estações a escolher .Nem sempre podemos optar por não levar bagagens conosco, outras vezes, temos a escolha e nos quedamos frente à muitas objeções e contestações externas, sobre o que carregarmos e até onde podemos levar tudo que amealhamos em vida, sejam os laços sanguíneos, de amizade, ou coisas materiais, que nada podem agregar ao sentido pessoal da nossa viagem. Por entre vias, veredas e atalhos, vamos seguindo nesta "nave" com direito a erros e acertos, conquistas e perdas, nada é terminal, a não ser a própria finitude em si. Depositamos na vida todos nossos anseios e sonhos, e na viagem, temos muitos felicidades e também dissabores, entretanto, somos nós autores desta escrita diária que se faz com lágrimas de alegria ou tristeza, sempre imprimindo uma nova ordem a um caos interno que buscamos o tempo todo apaziguar.  Somos etéreos em espírito, somos humanos falhos e aprendizes.  Vamos seguindo ora...

Doce atrevimento ( Poesia nº 10)

                Na delicadeza dos toques teus sinto a leveza do amor que permeia  nessa intimidade doce e atrevida   Demoradamente me atiças na maciez dos lençóis me excita a suavidade aquece e incendeia  Atrevimento dos desejos em desalinhos   delicadezas e arroubos em uníssono fluindo    

O coelho e a raposa (Uma fábula atual)

Era uma vez um coelho, que não era branco e nem de conto de fadas. O coelho que não era branco se "amigou', se é que isso é possível no mundo animal, por uma raposinha dourada, que encontrou, por acaso, escondida na floresta. Ela, a raposinha, era pequena e ágil, mas só isso a caracterizava como tal, pois era muito medrosa e vendo o coelho que não era branco, andar por entre os arbustos, se escondeu. O coelho pressentiu que alguém o espreitava e não teve medo, foi tentando identificar pelo cheiro o que havia ali. Cheira daqui, cheira dali, o coelho que não era branco, entre galhos, amontoados,  folhas e ramos foi procurando. Até que achou encolhida, de olhos espantados,a raposinha dourada que estava numa fenda entre de uma pedra. - Ei! O que houve? Quem é você? Por que está escondida? Venha cá. A raposinha sentindo-se ameaçada tentava encontrar um meio de sair dali.  O coelho que não era branco, percebeu que a sua " amiguinha" de exploração era muito tímida ou medros...