Florisvaldo

 Foi um barulho seco

 Mais alto que um silvo agudo 

 Menos intenso que o eco

 do metal quando encontra 

 brutalmente o chão 

 Um estampido... 

 E, lá estava ele estatelado no chão 

 Olhos esbugalhados agonizando 

 ao olhar um céu, azul e claro,

 onde não se viam nuvens e o

 fulgor da primavera pairava. 

 Por um momento um olor suave de

 madressilva invadiu a cena,

 provavelmente vindo 

 do jardim que circundava a avenida 

 em contraste com o cheiro de

 fumaça, cigarro e perfume barato. 

 No meio dessa mistura de odores 

 pessoas se amontoavam

 em frente a cena

 burburinhos, falas apressadas

 selfies, faces espantadas.

 Sirene estridente! 

 Um filete de sangue 

 escorria pelo asfalto

 Perguntaram,  ouviram

 Nada sabiam

 Foi tudo muito rápido 

 Sem grito , briga ou confusão 

 Florisvaldo era o nome dele, assim

 dizia um vendedor doces e balas 

 que fazia ponto no local. 

 Outros comentavam que já o viram 

 pelos arredores, com uma mochila 

 velha e alguns papéis rabiscados na mão 

 Souberam depois, era músico, cantor

 De um vilarejo do interior de Pernambuco. 

 Veio para a cidade grande tentar a sorte, 

 Tinha sonhos de ser famoso.

 Cidade grande, sonhos grandiosos.

 Foi notícia naquela estação 



 


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