Heitor e Carina namoravam já há algum
tempo, e tinham planos de se casarem e terem filhos, morar em um bairro melhor
e se aprimorarem em suas carreiras; ela professora do ensino fundamental, ele
dono de uma pequena oficina mecânica na cidade.
Sem muitos arroubos, mas com afeto e
carinho seguia a relação, e Carina sentia em Heitor um homem bom, justo e
honesto. Ele por sua vez, a via coma uma moça recatada, dedicada e amorosa,
dizia para a mãe dele, que Carina era uma joia que a vida lhe ofertou.
A família de ambos via a relação com
bons olhos, afinal eram duas pessoas bem- quistas e valorizadas na cidade e no
bairro.
Um dia na oficina de Heitor apareceu
uma mulher charmosa e bonita, com seu carro, aparentando defeito, que ela no “alto”
de sua elegância e beleza, não sabia descrever ao certo, só sabia que o carro
dava defeito.
Heitor sempre bem informado,
procurava entender de tudo um pouco e se dispôs a mexer no automóvel. Devido a
isto, o carro li ficou, e a moça bonita e charmosa, ligava para saber o trâmite
ou passava dia sim, dia não para saber da situação. Defeito encontrado,
problema resolvido, pagamento feito, e todos saíram satisfeitos...pelo menos
por poucos dias, pois depois de uma semana, lá vem ela com seu carro,
aparentando defeito.
Mexe daqui, mexe dali, e nada de
encontrar o que a moça bonita e charmosa reclamava. O carro ficou.
Heitor sentia que a moça estava abusando,
mas foi disfarçando, afinal era cliente e pagava à vista.
Carina seguia com suas aulas, e
sempre voltava no final da tarde, cansada, e revia os diários de classe,
elaborava pautas para a próxima aula, mesclava conteúdo programático com novos
temas pedagógicos para que despertassem o interesse da garotada. E assim seus
dias iam se consumindo.
Num final se semana, sexta –feira a
noite, Heitor não viria buscar Carina para passearem, ele tinha ligado e disse
que estava ocupado com uns carros na oficina, e teria que ficar um pouco de
pois de fechar, ela, aceitou e assim o sábado passou, e no domingo ele veio,
com um ar diferente e meio distante. Carina achou que era cansaço.
Conversaram um pouco, e segunda-feira
a semana começava e tudo de novo, rotina que seguia.
Foram mais algumas semanas, até
Heitor dá o veredicto à Carina.
Não queria mais se casar com ela.
Foi um choque! Um golpe! Como se o chão
lhe fugisse no momento... não esperava por aquilo.
Ela perguntou em lágrimas e ele,
mansamente, respondeu:
_ Vou me mudar de cidade, e para mim,
falta em ti algo mais.
Carina, perplexa, não entendia. Tinha
outra mulher só podia ser.
_ Tem outra?
Heitor fica meio sem graça, mas
aceita o desafio e joga na cara:
- Sim. Tenho e ela é uma pouco,
diferente de você, e vamos nos dar bem. Um local grande e populoso, com
oportunidades para nós dois, por isso, vou embora. Vamos, eu e ela para outra
cidade.
Foi o fim.
Ele se foi. Fechou a oficina, mudou
de cidade com a moça bonita e charmosa, é o que todos no bairro comentavam.
Carina ficou com suas aulas, seus
sonhos pueris, seus projetos inacabados e evitava o contato com outros rapazes,
pelo menos por uns tempos. Ainda amava Heitor, do seu jeito simples e delicado,
mas amava, e sentia na pele a ferida da traição, ferroar seu ser.… ela que era
tida como uma joia para a família dele, delicada, singela, constante, agora se
via frustrada, triste e apagada.
Heitor seguiu a vida. Carina seguiu
também...ambos encontraram o amor pueril e cativo, mas este não foi forte o
bastante diante de algo mais instigante e explosivo...a paixão.
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