Ele era um homem alegre , bom e festeiro. Vivia pelas ruas da cidadela a cantar suas canções e tinha como paixão sua flauta. Tocava e encantava os moradores, trazendo sempre bons momentos nas notas doces de sua canção. Era simpático, inspirado e solidário, tinha uma alma graciosa. Sempre cantante era sua vida, aqui e acolá, perto do porto, adorava o mar. Eis que um dia, o homem de olhar terno e coração juvenil conheceu aquela mulher que por ali passava. Ela mantinha um silêncio na caminhada, vestia-se como uma antiga senhora e usava um véu azul claro que encobria parcialmente seu rosto, mas era possível ver que era bonita e, por isso, se fazia cortejada. Ele se viu encantado com bela figura feminina, a seguiu, perguntou seu nome e ela, calada, manteve a discrição e apenas lhe ofertou um olhar cheio de graça... o coração do homem se enamorou. No dia seguinte, ele cantou para ela uma canção harmoniosa que ela ouviu, mas fingiu que não; seguiu calada o seu caminho, e depois de um olhar pedinte dele, ela lhe devolveu um sorriso. Era o começo de tudo! Depois, várias vezes ele tentou a abordagem e ela mantinha sua postura reservada; para não se deixar vencer, ele tocava a flauta, canções suaves e doces para alegrar a caminhada da mulher de véu azul. Buscou saber dela, mas só sabia que nas cercanias vivia e trabalhava como cuidadora de uma anciã.
Assim, passaram-se os dias e meses, e o flautista sempre fazendo a corte para a misteriosa mulher de véu azul, e a cidadela sabia que aquilo era fruto de um coração juvenil e da mente sonhadora daquele flautista, já que a tal mulher era conhecida por ser avessa a relacionamentos e não dava chances para os pretendentes; comentava -se que ela tinha sido enganada por um certo aldeão, que depois do casamento marcado, se encantou por outra e fugiu no dia do enlace, ela tinha isto como um trauma. Pobre alma!
Um dia a cidadela acordou e na sua rotina de mercadores e passantes, a mulher de véu azul não passou e o flautista não apareceu, nem sinal deles. Depois, na hora em que o sol estava a pino, e que muitos comiam suas refeições; numa conversa corriqueira, alguém disse ter visto um barco que saiu do porto logo cedo, nele embarcara um casal saindo, meio escondido, entrando as pressas na embarcação. Depois das fofocas, não se falou mais no assunto, e nos dias seguintes, tudo voltou a rotina na cidadela, só que a flauta nunca mais se ouviu por lá, e depois de um tempo deixaram de especular. Longe, em alto mar, é possível um som harmonioso se ouvir, parece que numa ilha pequena e afastada, há indícios que o amor fez morada por lá.
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