Diferenças




Para os outros encontro frases suaves,
Tons em surdina de violino ao luar,.
Para ti tenho apenas ritmos graves,
Plangências rudes a increpar
No mesmo entono bárbaro do mar.

Souberam outros que ternura
Pode abrigar o coração que é teu
Tu tens provado o fel  tens visto escura
Por onde andas a procura
Daquele amor que desapareceu.

Diante dos outros tudo é flor e graça
Diante de ti meu olhar se embaça,
Tal como o olhar dos moribundos
Ou as águas dos rios mais profundos
Depois que a tempestade passa.

Se para os outros,sempre hei de ser boa,
E nunca para o que escolhi,
Antes amasse qualquer um - perdoa!
E tivesse a alma clara para ti.






Henriqueta Lisboa

Minas Gerais- 1903

Obra poética:Lirica

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